sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Cinco delegadas à frente da Divisão de Homicídios

Numa cidade assolada pela violência como a nossa Fortaleza, é sempre fundamental lutar contra o talvez mais grave crime: o homicídio. Combater a impunidade dos assassinos talvez faça com que as taxas diminuam em nosso estado. Hoje, de cada cem casos de homicídio, apenas quinze são solucionados, situação que tem que começar a ser mudada desde já.


Com o objeto de lutar contra a impunidade nesses tipos de crimes, foi inaugurada ontem à noite, dia 09/09, a Divisão de Homicídios — inicialmente para solucionar os atentados contra a vida na capital e Região Metropolitana, para depois expandir para o interior do Estado. À frente de suas operações há, além do delegado Rodrigues Júnior, o diretor da Divisão, mais cinco delegadas. Isso mesmo, delegadas, no feminino.

 

São elas Monique, Patrícia, Roberta, Sandra Mara e Stella, carregando uma grande responsabilidade e a expectativa dos cearenses nas costas.

 

Foram escolhidas mulheres por serem mais atentas a detalhes que muitos homens, fator essencial na solução de um caso. Todas têm carreira como delegada ou delegada-adjunta em outros distritos e todos esperamos que tenham competência para solucionar esses verdadeiros mistérios que sobrecarregam as delegacias comuns.

 

Vemos através dessa decisão que a mulher a cada dia ganha mais espaço na sociedade. Não só essas cinco mulheres foram admitidas para cargos tão importantes atualmente, como tiveram suas habilidades femininas reconhecidas como essenciais para o seu trabalho — fato que ainda nos surpreende de tão novo.

 

Esperamos que dê tudo certo para as delegadas e toda a Divisão de Homicídios, que, se funcionar propriamente, vai estar ajudando a solucionar mais de um problema de uma vez só.

 

É um passo a mais rumo à igualdade.

 

 


 

(Fonte: Jornal O Povo)


Teste.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Boca seca, reza triste


Não leva ele não. Me perdoa, mãezinha, mesmo sem eu saber o que fiz. Não chama ele. Não tira ele dos meus braços. Sei que eu devo ter feito muita coisa ruim nessa vida, mas não me castiga dessa forma.
A senhora é mãe também. A senhora sofreu, também, então deve me entender, mãezinha.
Eu o seguro nos braços, como se fosse feito de gravetos. Seus braços parecem mesmo, de tão magrelos. Ele esfrega a cabeça em meu ombro, os cabelos muito curtos coçando a minha pele.
Ponho a mão em sua cabeça, mas não faço nada. Queria saber falar bonito que nem o seu Moreira e o seu Raimundo, os candidatos desse ano pra prefeito. Se bem que aqueles dois não devem se importar nada, nada, com meu filho.
Eu queria cortar esse silêncio. Queria pensar em algo. Queria saber te mostrar o quanto eu preciso do meu filho, mãezinha. Queria saber rezar que nem o Padre Roberto da rádio.
Não sei. Não sei falar bonito. Só sei cozinhar, lavar, passar. Só sei viver, respirar.
Aperto os ossos do meu filho só mais um pouquinho. Não quero deixar ele ir, mesmo que seja para os seus braços — a senhora que é mãe dele também.
Nenhuma palavra vem. Meus lábios estão tão secos que acho que nem conseguiria abrir...
Estendo meu filho para frente, para ver se me sai alguma coisa da boca.
Seus olhos estão entreabertos. Ele não vê nada. Seus braços de gravetos estão mais moles que antes.
Mãe Maria, o que a senhora fez?
Meus olhos derramam nele gotas de lágrimas bem grandes. Meu filho não sente.
Ah, ele parece dormir tão bem... É assim que é um anjo, mãe do céu?



Cuide bem dele, viu?








(Imagem: Retirantes, Cândido Portinari  - via Google Imagens)

sábado, 4 de setembro de 2010

O papel da mulher na sociedade contemporânea




"Em 19 de abril de 2004, a empresária Cristina Boner uniu um grupo de mulheres bem sucedidas com o intuito de fundar uma associação civil sem fins lucrativos de interesse público em prol da valorização da Mulher e fomento a participação feminina na sociedade. Assim surgiu a Associação de Mulheres Empreendedoras, a AME."



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Discutiremos agora sobre uma mudança que vem ocorrendo há muito tempo, mas que ainda precisa ser analisada. A mulher ganhou independência, trabalha fora de casa, mas isso todos nós sabemos já há algum tempo. Então por que, mesmo hoje, algumas mulheres são tratadas como inferiores? Por que os salários das mulheres continuam menores que os dos homens para uma mesma profissão? O que faz certa parcela da sociedade ainda confundir as diferenças entre os gêneros (que realmente existem) com uma hierarquia entre eles?


Milhares de mulheres em nosso país deslancham carreiras de sucesso. Não há mais aquelas profissões-padrão; mulheres não precisam mais necessariamente trabalhar como professora, ou costureira, ou apenas como dona de casa. Há mulheres dirigindo ônibus, há mulheres à frente de grandes empresas e há mulheres na engenharia. As barreiras parecem se dissolver.


Não devemos ser tão utópicos, no entanto. Apesar de muitos casos de sucesso trazerem felicidade aos que lutam por igualdade, já outros nos fazem pensar que temos muito que caminhar. Os casos de violência, verbal ou física, e de desrespeito em relação a mulher ainda alcançam um número absurdamente alto — quando devia ser simplesmente zero.


Os dois lados — o avanço e o atraso — convivem na sociedade brasileira atual, mas devemos sempre ser otismistas. Não do tipo que fica sempre feliz com o que tem, mas do tipo que analisa a situação e tenta mudá-la para melhor, sempre acreditando nessa perspectiva.


Iniciativas como a da associação citada no início do texto são passos importantíssimos  na busca por igualdade. A AME capacita mulheres e as auxilia a crescer no mercado de trabalho, sempre buscando independência. Ajuda aquelas sempre divididas entre a família e a carreira profissional. Mãe, dona de casa, motorista, enfermeira, costureira, cozinheira e empresária são alguns do papéis que fazem parte muitas vezes de suas vidas múltiplas.


Não podemos deixar a violência e a desigualdade acontecerem. Temos que lutar pelo que é certo, não só ficar parados concordando. Mude seu comportamento em relação as mulheres para melhor e talvez você seja o responsável pela mudança de outros.


Comente aqui com as suas opiniões, considerações e atitudes. O que você faz efetivamente pelas mulheres que sofrem preconceito? O que você pensa sobre o assunto? Tem exemplos de mulheres que superaram as adversidades e hoje são felizes?


E pra você, mulher: qual é o seu papel na sociedade contemporânea?




























Imagens: Google Imagens e DeviantART (http://browse.deviantart.com/?q=woman&order=9&offset=24#/d7pr6o).
Citação: http://www.mariadapenha.org.br/sobre-a-ame/quem-somos .

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Duas fotos, duas épocas, uma Rachel





















Rosto de moça direita. Educada. Parece até moça comportada, moça que só balança a cabeça e diz "sim, sim" sempre. Há um quase sorriso. Parece com vergonha de sorrir. Seus olhos expressam dúvida...

A filha de Daniel de Queiroz Lima e Clotilde Franklin de Queiroz, tataratataratataraneta de José de Alencar. Rachel. Rachel jovem, Rachel prodígio. Rachel talvez melhor escritora que essa terra brasileira já viu um dia.





















Face cheia de rugas. Sorriso sereno. Parece ser daquelas velhinhas que vão a igreja e fazem tricô e cozinham para os netos aos domingos.


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Rachel de Queiroz era ateia. Rachel de Queiroz já fora um dia comunista. Rachel de Queiroz escrevia por obrigação.

Ela era forte, e isso é uma das poucas coisas sobre ela de que podemos ter certeza. Todas as suas personagens, que lutavam contra a seca e as adversidades que a vida sempre traz, tinham pulso, tinham garra e todas aquelas faziam parte dela.

Além das personagens de seus livros, milhares de outras mulheres sofrem e lutam Brasil a dentro. Trataremos do papel da mulher nas obras de Rachel e no mundo — os problemas, as dificuldades e as felicidades.

O objetivo desse blog é trazer um pouco da temática trabalhada por essa mulher fantástica, que tanto encantou os brasileiros durante seus quase noventa e três anos de vida. Ganhou prêmios Jabuti, ganhou o prêmio de Camões (o Nobel da Literatura em Língua Portuguesa), e agora ganha essa singela homenagem do Colégio Farias Brito com a sua Coletânea Jovem.

Lembrem-se, no entanto, que o blog depende do comentário de vocês. Deem ideias, reclamem, elogiem, compartilhem suas ideias. O Memorial de Maria Moura só existe com os seus leitores!

Esperamos que, pelo menos na memória de todos nós, Rachel de Queiroz continue imortal. E não só por ter entrado na Academia Brasileira de Letras.





Imagens encontradas no Google Imagens e vídeo, no Youtube.